01 dezembro 2008

passa-tempo o tempo-passa


É engraçado como sua vida passa e você perde o controle dela, quando se é criança tudo parece maravilhoso, até os amores infantis são gostosos de viver, sabe aquele seu primeiro amor? que você jurava ser eterno? Chega um determinado momento no qual você cresce e aquele amor é levando junto com o colorido da sua infância, com as purpurinas dos suspiros, chega o colegial e você se apaixona novamente, é intenso, seu coração acelera, suas pernas tremem só de vê-lo e as dele também, tem o cheiro inebriante das estrelas cadentes, o doce perfume das madrugadas acordada pensando nele, é inocente, é ardente, tudo novo, seu corpo é novo e o dele também, vocês começam a se descobrir juntos, logo você pensa, não esse sim é eterno, mas sabe esse? somente é eterno enquanto dura, as chamas da paixão um dia se apagam, eu sei, eu sei, ele foi o primeiro a tocar seu corpo, a despertar a mulher que morava dentro de você, com o tempo você encontra outros amores e dissabores, uns com gosto de sonho de valsa, outros com o sabor de pimenta de cheiro, picantes, enlouquecedores, mas tão logo chega a faculdade e você começa a bradar para o mundo que 'ninguém é de ninguém' chega sua fase tribalista. Você encontra amigos e as risadas fluem como fogos de artifícios em noite de ano novo, pipocam beijos com sabor de morango, encontro de corpos ardentes como a mistura da pimenta e o chocolate, você luta atrás dos seus ideais como o rio que percorre quilômetros até desaguar num mar sem fim de esperanças, mas chega um dia, AQUELE dia, inevitável, que você encontra aquele cara com sorrisos de troças carnavalesca, lábios de seda, e as mãos, que mãos, elas parecem saber onde tocar pra deixar sua cabeça nas nuvens e despertar aquela menina que a tanto tempo você escondia na pele de loba, suas pernas parecem caminhar numa corda bamba, seu corpo treme só de imaginar a voz dele na sua nuca, você imagina: não destino, dessa vez tem que ser eterno, maledito destino, pois, não querida, não é eterno, o bruxulear das chamas acaba apagando e segue assim o rumo dos amores, eles começam, ardem, e apagam. Alguns deixam marcas impossíveis de apagar, como tatuagens bordadas de vermelho em sua pele, não tem avanço tecnológico que faça ela sumir, esses sim, foram amores, foram verdadeiros.


Crisley Ramos

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